Acabou




(Nada Sei, Kid Abelha)

Capítulo 7 – Acabou


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“Sou errada, sou errante
Sempre na estrada, sempre distante.
Vou errando enquanto o tempo me deixar.”

(Kid Abelha)



Os raios de sol começaram a invadir o dormitório feminino da Grifinória, no que uma certa sextanista foi acordando lentamente, e sentiu sua cabeça latejar de um modo quase insuportável.

Ashley abriu os olhos bem devagar, como se suas pálpebras pesassem horrores, e seu olhar quase que imediatamente encontrou os de Mel. A menina estava sentada na cama ao lado, observando-a. Quando percebeu que Ash já havia acordado, olhou para Lílian, que estava escorada na parede, com os braços cruzados e encarando o chão.

- Lílian. – chamou Melissa, apontando Ashley com a cabeça.

A ruiva pareceu despertar de seus pensamentos, e desencostou da parede. Sua expressão era muito séria, quase chegando a parecer irritada.

- Suponho que você ao menos lembre do que aconteceu ontem à noite, Ashley. – Lily disse, começando a caminhar de um lado para o outro do quarto.

A morena encarou a amiga, suspirando. Sabia o caos que estava por vir, e as lembranças da festa anterior invadiram sua mente, fazendo sua cabeça latejar ainda mais.

- Droga, Lílian! – exclamou, enquanto enfiava a cabeça debaixo do travesseiro. – Que tal esperar pelo menos eu acordar para brigar comigo?!

- Nós não estamos brigando com você, Ash. – Mel falou, calmamente, enquanto se sentava na beirada da cama da morena. – Apenas queremos conversar sobre ontem, sobre os seus atos.

- Meninas, me desculpem, mas eu não quero ouvir opiniões agora, ok?! – pediu Ash, ainda sem encará-las.

- Mas você não pode adiar isso! – disse Lílian, inconformada com a amiga por ela não querer enfrentar os fatos naquele momento. – Você tem que ajeitar essa situação o mais rápido possível; não esqueça que o Johnny também tem a ver com a história, e que sairá muito magoado.

- Eu sei, ´tá legal?! – retrucou Ash, sem paciência para aquele assunto. – Eu vou arrumar as besteiras que fiz ontem, me deixa só pensar um pouco, sozinha!

- Então nos deixe te ajudar a arrumar as coisas... Somos suas amigas, estamos aqui para isso! – sugeriu Lily, tentando convencer a amiga. – Essa não é a melhor hora de ser infantil e achar que pode resolver tudo sozinha!

- Já disse que não quero ouvir opiniões, Lílian! – Ash disse, levantando-se de sua cama e ficando de pé.

Ela não estava querendo ouvir certas verdades agora, apesar de serem necessárias. Por mais que as amigas quisessem ajudá-la e palpitar sobre suas atitudes, Ashley era orgulhosa, não queria relembrar a todo o momento o quanto errou e, conseqüentemente, não queria opiniões.

- Não me interessa! – exclamou a ruiva com firmeza, enquanto parava na frente de Ashley. – Eu sou sua amiga e me sinto na obrigação de alertar os erros que você comete.

Assim como Ash, Lily também era muito teimosa. Queria ajudar a amiga de qualquer jeito, e simplesmente não entendia porque ela recusava-se tanto em receber conselhos. Mas Lílian estava disposta a fazer de tudo para a amiga ouvi-la, a morena querendo ou não.

- Meninas, por favor, não vamos discutir por isso. – falou Mel, postando-se entre as duas, na tentativa de impedir mais discussões.

- Ash, eu tentei falar direito quando você acordou, mas você já saiu reclamando e enfiando a cabeça debaixo do travesseiro, oras! – resmungou Lílian, sentando-se na cama para se acalmar. – Só quero te ajudar a ajeitar pelo menos um pouco da besteira que você fez.

Lily acabou percebendo que aquele não era o momento para começar uma discussão, mas só o que ela queria era o bem de Ashley. Porém, quando tentou se acalmar e ser mais compreensiva, já era um pouco tarde: Ashley estava muito irritada. Sua cabeça latejava de um modo insuportável, tudo o que ela menos queria era tocar no assunto de sua traição, queria adiá-lo o máximo que pudesse, mas tudo o que suas amigas estavam fazendo era trazê-lo à tona.

- Eu não quero a ajuda de ninguém! – disse a morena, enfatizando cada palavra. – Só o que eu quero agora é esquecer esse assunto, depois tomo alguma providência.

- Ash, você não pode fugir das conseqüências. – pronunciou-se Mel, ainda com a voz muito calma. – Trair o Johnny já não foi nada legal da sua parte, se quer a minha opinião, e fugir das coisas agora só vai piorar tudo.

- Por favor, me deixem ficar sozinha... – pediu ela mais uma vez, apontando a porta do quarto às amigas, para elas saírem.

Ashley estava tentando ao máximo se controlar. Não queria brigar com as meninas, mas realmente não estava com a menor paciência de ouvir a opinião de ninguém naquele momento. Queria largar-se em sua cama novamente e dormir, dormir até quando todos esquecessem o ocorrido na noite passada.

Melissa procurou respeitar a opinião de Ashley, por mais que não concordasse, e assentiu. Já ia se encaminhando para a porta do quarto, mas Lílian não se deu por vencida. A ruiva achava que, por ser amiga, tinha o dever de alertar Ash sobre seus erros, e ajudá-la a concertá-los, independente de qualquer coisa.

- Você está errada. – disse, como uma última tentativa. – Me deixa te ajudar, ficar aqui com você, tenho certeza de que podemos resolver isso juntas...

- Eu já sei o quanto errei, droga! – exclamou a morena, perdendo a paciência com aquele assunto, e sendo grosseira. – Não preciso que você reforce isso a cada instante, ´tá legal?!

- Não me venha com dramas, Ashley! – retrucou Lílian, já voltando a se irritar também. – O que você queria que eu fizesse? Dissesse que você está certa, quando na verdade não está?

- Não, só gostaria que você não desse opinião! – ela disse, sem fazer a menor questão de ser educada. Era muito cabeça dura às vezes, e por ter sido criada apenas pelo pai, tinha se acostumado a se virar sozinha. – Eu sei que errei, Lílian! Mas eu sou um ser humano e, diferente do que você pensa que é, não estou e nem tenho que estar sempre certa!

- Eu não acho que estou sempre certa! – exclamou Lily, sentindo-se ofendida. – Só não vou apoiar uma coisa que está errada. Ficar do lado dos outros sempre falando que eles estão certos é fácil, mas o verdadeiro amigo é aquele que alerta quando o outro errou!

- Eu não vou mais discutir, Lílian. Não tem como dialogar com você! – Ash disse, enquanto terminava de trocar de roupa e se encaminhava para a porta do quarto. – Não estou com a menor vontade de ouvir sermão.

A morena bateu a porta com força e desceu correndo as escadas para o salão comunal.

Era sábado de manhã, e a maioria dos alunos ainda estava nos dormitórios, aproveitando a oportunidade de acordar tarde, ou no Salão Principal, tomando café.

Mas, mesmo assim, Ashley foi para o lugar mais afastado do salão comunal. Não queria falar com ninguém, ver ninguém, encarar ninguém. Pela primeira vez em sua vida, ela começava a se arrepender do que havia feito, a sentir vergonha de si mesma, a ter medo de encarar aquela situação. E essas sensações, além de nunca antes experimentadas por ela, ainda eram péssimas.

Ficou cerca de 20 minutos ali, encarando o chão com o olhar fora de foco, enquanto relembrava o que havia feito na noite passada e deixava que inúmeras lágrimas percorressem o contorno delicado de seu rosto. Pensou e repensou várias vezes sobre que atitude tomar, e estava encontrando muito dificuldade em chegar a uma conclusão. Tinha sido muito bom ficar com Sirius, é verdade, mas Ashley estava se sentindo um verdadeiro monstro por ter traído uma pessoa que sempre a tratou tão bem, que a amou como nenhum outro garoto jamais a amara, que lhe paparicava como se ela fosse uma verdadeira princesa. Johnny não merecia isso, nem de longe.

Um tempo depois, a garota começou a ouvir um murmúrio vindo de vários rapazes que desciam animados as escadas do dormitório masculino. Um deles pareceu ter reparado na sua presença, e a apontou com a cabeça para o amigo. Este, por sua vez, fez um gesto mandando os outros rapazes prosseguirem, e foi andando em direção a Ashley, enquanto a menina tentava desesperadamente secar as lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto.

- Amor... o que aconteceu? – perguntou o rapaz, sentando ao lado da namorada no aconchegante sofá e a abraçando com força. – Não chore Ash, eu estou aqui, hoje e sempre. – completou com carinho, para reconfortá-la.

- Me desculpe, me desculpe... – era tudo o que ela conseguia falar, em meio a muitos soluços de choro.

- Ash, estou começando a ficar preocupado! – disse Johnny, abrindo um terno sorriso. – Conta para mim, por que você está chorando?

- Eu... eu fiz uma coisa horrível... – ela sussurrou, tentando novamente enxugar suas lágrimas. – Eu traí você, Johnny. – completou, soltando aquelas palavras antes que não conseguisse mais pronunciá-las.

O garoto a encarou, com uma expressão em um misto de susto e tristeza espalhando-se pelo seu rosto. Pela primeira vez, Ashley pôde ver aquele belo par de olhos verde-claros marejarem, e Johnny foi se separando dela, aos poucos.

- Eu... eu não posso acreditar! – exclamou, incrédulo. – Por que, Ash?! Eu sempre fiz tudo por você, tudo!

- Eu sei Johnny, eu sei! – ela disse, com a voz desesperada. – Não fiz na intenção de te machucar, apenas não medi as conseqüências, não parei para pensar em nada na hora!

- Quem foi? – ele perguntou, subitamente. Sua expressão, antes triste, agora parecia séria e decidida.

- Quem foi o quê?! – disse Ash, já sabendo do que o namorado estava falando, mas querendo evitar a resposta.

- Com quem você me traiu, Ashley? – perguntou Johnny, já aumentando o tom de voz.

- John, isso não é importante, eu sou a única culpada e...

- QUEM FOI? – o garoto perguntou, já se descontrolando, a segurando pelo braço.

- Foi... com o Sirius. – murmurou ela, encarando o chão.

- Eu sabia! – exclamou Johnny, rindo sarcasticamente. – Sabia que aquele idiota ficava te cercando!

- Eu sinto muito, de verdade. – falou a garota, levantando o olhar para encará-lo. – Mas se tem alguém que errou nessa história, fui eu, e somente eu. Vou entender se você não quiser mais olhar na minha cara, se espalhar para todo o castelo o quão eu fui baixa com você, se começar a falar mal de mim aos quatro ventos. Eu só queria que você realmente soubesse, John, é que apesar de tudo, eu te respeito como pessoa, e te admiro muito. Me desculpe se eu te fiz sofrer, me desculpe por tudo.

- Ashley, você lembra quando eu sempre te falava que te amaria para sempre? – perguntou ele, acalmando-se e acariciando o rosto da namorada. – Aquilo não era da boca para fora. O importante é que você me contou, foi sincera comigo, não me fez de bobo. E isso só faz com que eu te admire ainda mais, com que eu te ame mil vezes mais a cada instante. Não vou dizer que não estou magoado, e que não me feriu demais por dentro essa sua atitude, mas estou disposto a superá-la e a esquecê-la, com você ao meu lado.

Ela o encarou, sentindo os olhos marejarem. Estava se sentindo, novamente, um monstro. Cada palavra que saía da boca de seu namorado a cortava cada vez mais por dentro. Ele era tão doce que ficava difícil para a menina finalmente lhe contar que já não gostava mais dele como no começo do namoro. Mas ela tinha que criar coragem, tinha que contar para ele de uma vez por todas.

- John, eu acho que não deveríamos mais continuar com essa história, continuar juntos. – começou Ash, no que o namorado a encarou, arregalando os olhos. – É realmente horrível e muito difícil para mim te dizer isso, mas... eu não gosto mais de você... como antigamente.

- Que loucura é essa que você está falando?! – ele exclamou, segurando a mão da menina. – Pare com essas besteiras, Ash, esqueça isso, já disse.

- Não há como esquecer, John. O que aconteceu noite passada foi uma conseqüência disso, não tem como fingir que não houve nada. – explicou ela, no que a cada palavra dita, a expressão do rapaz ia se entristecendo. – Tenho muita consideração por você, mas não quero mais ser sua namorada.

- Ash, não diga isso, por favor... – ele falava, com um tom de súplica na voz. Johnny era completamente apaixonado por ela, e só a idéia de não a ter mais sempre ao seu lado, já o deixava transtornado. – Nós podemos passar por cima disso, podemos fazer tudo voltar a ser como era antes!

- Nada jamais volta a ser o que era antes. – disse Ash, com firmeza. – O nosso namoro não estava indo bem faz tempo. Sinto muito, Johnny, mas acabou.

O grifinório a encarou por mais alguns instantes, sem conseguir impedir que seus olhos derramassem inúmeras lágrimas de dor e desespero. Ele era completamente apaixonado por ela, era capaz de passar por cima de qualquer erro ou traição para continuar a tê-la ao seu lado. Gostaria de voltar no tempo, de reviver os meses em que o namoro deles era maravilhoso, de fazê-la perceber que o seu amor por Ashley era e sempre seria incondicional. Mas acabou tendo que entender que a decisão dela já estava tomada, e não havia mais nada que ele pudesse fazer, a não ser aceitá-la. Levantou-se subitamente do sofá, e sem mais encarar a garota, disparou para as escadas do dormitório masculino, tentando ao máximo segurar a enorme vontade de chorar.

Acabou por esbarrar em Remo, que subia calmamente para o seu quarto. O maroto já havia descido, tomado seu café, e nada de seus amigos se quer aparecerem. Resolveu, então, voltar para o dormitório e acordá-los de uma vez.

Abriu a porta e encontrou com Tiago saindo do banheiro enquanto secava os cabelos molhados com uma toalha, e Pedro sentado à beira de sua cama terminando de calçar o sapato. Percorreu os olhos pelo resto do quarto, procurando o último maroto, Almofadinhas, e logo se deparou com o amigo quase roncando, ainda dormindo esparramado em sua cama.

- Essa criatura ainda não acordou?! – perguntou ele, rindo, para os amigos.

- E você não conhece Sirius Almofadinhas Black? – Tiago indagou, rindo também. – Até parece que ele acordaria cedo em um sábado, ainda mais depois de ter ido a uma festa no dia anterior.

- Falando em festa... – disse Pedro, pegando uma camisa para vestir. – O que vai acontecer agora? Quero dizer... ele e a Ash, bom, vocês sabem.

- É uma pergunta interessante, Rabicho. – comentou Tiago, parecendo pensativo. – E não quero esperar muito para obter a resposta...

O maroto pegou sua varinha em cima do criado-mudo, que ficava ao lado de sua cama, e apontou-a para o amigo.

- Levicorpus! – exclamou, no que Sirius foi instantaneamente jogado para o alto, até bater a cabeça no teto do dormitório.

- Droga, seu veado idiota! – resmungou o moreno, massageando a cabeça. – Não poderia pelo menos tentar me chamar?

- É, até poderia... – Tiago disse, coçando o queixo e forçando uma falsa expressão de pensativo. – Mas desse jeito é mais engraçado! – completou, enquanto Remo e Pedro gargalhavam ao seu lado.

- Vamos, Pontas, me ponha logo no chão! – pediu Sirius, já quase começando a rir também. – O irônico é que ficar fazendo homem levitar, você consegue, mas na hora de tomar uma atitude decente e conseguir ficar com a Lílian de uma vez, você fracassa totalmente! – completou, para provocar o amigo. Porque, afinal, Sirius Black não deixaria uma provocação passar daquele jeito.

- Ei! – Tiago exclamou, fechando a cara. – Isso é golpe baixo, Almofadinhas!

O garoto resmungou mais alguns xingamentos quase inaudíveis e murmurou o contra-feitiço, no que o amigo despencou no chão, causando um baque surdo.

- Temos que ter uma conversinha sobre ontem à noite, Senhor Garanhão Black. – disse Remo, estendendo a mão para ajudar o amigo a se levantar, enquanto exibia um sorriso maroto.

Sirius o encarou, confuso, mas logo em seguida as lembranças da festa invadiram sua mente. A música, as bebidas, Ashley, o beijo...

- O que você vai fazer? – perguntou Tiago, indo direto ao assunto.

- Sobre...? – Sirius disse, tentando disfarçar.

- Não finja que não sabe! – exclamou o maroto. – Sobre a Ash, sua anta.

- Não vou fazer nada, ué. – respondeu o outro, dando de ombros. – O que eu poderia fazer?

- Almofadinhas, você não vale nada... – zombou Remo, balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Ora, Aluado, a Ashley não está grávida e nem nada do tipo, pare de fazer drama! – Sirius disse, displicente. – Vamos descer logo, estou morto de fome. – completou, atirando seu travesseiro no amigo e levantando-se para se arrumar.

Não tardou muito, e logo os marotos terminaram de se vestir. Levados pelas gabações de Tiago, que não parava de tagarelar sobre seu progresso com Lílian, os quatro foram descendo as escadas do dormitório masculino, até chegarem ao salão comunal e Remo avistar um emaranhado de cabelos negros em um sofá afastado.

- Ela parece estar meio triste, Almofadinhas. – Tiago comentou, enquanto observava Ashley passar a mão pelos olhos.

- É, acho que está chorando. – falou Sirius, enfiando as mãos no bolso. – Vou lá falar com ela e ver se posso ajudar em algo, vejo vocês depois.

E, dando um rápido aceno para os amigos, o moreno foi caminhando na direção de Ashley. Enquanto se aproximava, tentou pensar em algum motivo que levaria a garota a chorar e parecer tão triste, quando subitamente o nome “Johnny” lhe veio à mente. Lembrou que eles eram namorados e que, de fato, ela o havia traído. Não que ele já não tivesse constatado isso durante a festa, apenas simplesmente não havia parado para pensar na conseqüência daquilo tudo e, agora que pensara, tudo lhe parecera extremamente confuso e conturbado, o que não lhe agradou nem um pouco, aliás.

- Ash, o que aconteceu? – Sirius disse, espantando-se com as inúmeras lágrimas que caíam ferozmente pelo rosto da menina.

Ashley se assustou com a chegada repentina do maroto, mas rapidamente levou as mãos à face, tentando enxugar suas lágrimas.

- Nada. – disse, procurando não encará-lo.

- Vocês terminaram? – ele perguntou, aproximando-se com cautela.

A garota balançou a cabeça afirmativamente, enquanto abraçava as pernas e apoiava o queixo nos joelhos.

- Ele descobriu sobre... nós? – perguntou Sirius, enquanto sentava-se no sofá ao lado da morena.

- Não, eu mesma contei, e terminei. – ela explicou, acabando com o último vestígio de lágrima em seu rosto.

- Ah... – ele murmurou. Não fazia a menor do que deveria falar ou de como agir. – E o que você pretende fazer agora?

- Não sei. – ela disse, simplesmente.

- Você... Hum... – Sirius tentou começar, meio atrapalhado. – Quer que continuemos saindo ou... sei lá.

Ashley o encarou, com um sorriso triste formando-se em seu rosto.
Ela não tinha certeza do que queria, e muito menos do que sentia verdadeiramente por ele, mas aquela dúvida estampada na fala de Sirius a deixou ainda mais desanimada e confusa.

- Não sei. – ela repetiu, desviando o olhar do chão e encarando-o pela primeira vez naquele dia. – E você, quer levar isso adiante?

Sirius suspirou, muito atordoado. Simpatizava muito com Ashley, sem sombra de dúvidas, mas daí a largar sua tão adorada vida de solteiro e passar a ser “encoleirado”, já era demais para a cabeça do maroto.

- Eu... acho que não. – disse ele, temendo suas próprias palavras sinceras.

Ashley continuou observando-o, e quase que inconscientemente lembrou-se da fama que ele tinha, e de como dificilmente mantinha algum tipo de relacionamento amoroso.

- Tudo bem, Sirius. – ela disse, com o sorriso carregado de sarcasmo. – Pode continuar com a sua vida de solteiro-garanhão.

A morena levantou furiosa e subiu para o seu quarto, as lágrimas voltando a cair ferozmente. Não interessava se ela tinha certeza ou não dos seus sentimentos por ele, mas nunca havia sido rejeitada antes, e essa sensação certamente não era nem de longe agradável. Ela estava sentindo-se culpada por trair uma pessoa que a amava tanto, e irritada com o descaso de Sirius, com o fato de ter caído no papo dele igual a todas outras – e ter sido deixada de lado depois, também exatamente como elas.

Ashley não nutria nenhum sentimento por ele que fosse além da amizade e da vontade de beijá-lo pelo seu charme e beleza, portanto tampouco o amava como homem. Gostara muito de ficar com Sirius, é verdade; havia sido uma noite maravilhosa, apesar de isso não querer dizer que ela quisesse repeti-la continuamente. A garota ainda não havia parado para pensar se ia querer, de fato, levar a sua história com Sirius adiante, mas enquanto jogava-se em sua cama e afundava a cabeça no travesseiro, procurou avaliar o assunto. E a que conclusão Ash chegou? Bem, foi tudo ótimo, e bom enquanto durou; ou seja, apenas uma noite. Mas, engatar alguma coisa séria com aquele maroto não estava realmente nos planos dela; os beijos trocados por eles na festa foram maravilhosos, mas Ashley acabara de sair de um namoro, e não estava a fim de se prender de novo tão rapidamente a alguém.

Porém, contrapondo toda essa linha de pensamento da menina, vinha o orgulho. Ela estava ferida por dentro, irritada por ter sido rejeitada pela primeira vez por um garoto. Nunca havia tido aquela sensação, estava acostumada a ter grande parte dos meninos aos seus pés, e sentir que Sirius não queria nada sério – apesar de ela também não querer – não lhe fez nada bem. Revoltada consigo mesma por ter cometido o erro de trair Johnny, que nunca merecera isso, e mais revoltada ainda por ter sido dispensada por Sirius, ela acabou adormecendo, mas com o peso de seu orgulho, que agora estava completamente atingido.

Enquanto isso, Sirius estava largado no sofá, um tanto revoltado também. Não entendeu porque Ashley havia ficado tão irritada, porque, afinal, ele nunca tinha falado a ela que queria algum tipo de relacionamento mais sério. Sentiu-se um pouco culpado por presenciar as inúmeras lágrimas derramadas pela garota, mas quando logo em seguida a idéia de ficar preso a alguém lhe passou pela cabeça, aquele sentimento de culpa foi embora. Sirius nunca havia dado falsas esperanças a ninguém, pelo contrário: sempre gostou de reforçar por aí o quanto preservava sua liberdade, então não entendeu o jeito grosso e irônico com que Ashley encerrou a conversa dos dois, e tampouco gostou desse jeito.

Com um suspiro irritado, o maroto levantou-se do sofá e foi se encaminhando para o Salão Principal, a fim de tomar café com os amigos e tentar esquecer aquela história toda. Ao se aproximar da saída, esbarrou em Lílian, que voltava para o salão comunal depois de não comer quase nada, com uma expressão um tanto emburrada.

- Desculpe. – ela murmurou, com grosseria.

- O que houve, Lily? – perguntou Sirius, erguendo uma sobrancelha. – Que bicho te mordeu?

E então, as palavras do maroto acabaram trazendo-a para a realidade, fazendo a ruiva se arrepender por ter sido grossa à toa. Ela suspirou e encostou na parede mais próxima, parecendo cansada e triste.

- Sinto muito, Sirius. – disse, com sinceridade. – Não estou muito legal.

- Tudo bem. – ele falou, abrindo um sorriso carinhoso. – Mas, afinal, porque esse desânimo todo?

- Eu... briguei com a Ashley. – respondeu a menina, encarando o chão. – E estou com a ligeira impressão de que vai demorar um bom tempo até uma de nós dar o braço a torcer.

- Não se preocupe com isso, Lils. – Sirius disse, levantando o rosto da amiga com uma das mãos. – Na hora certa, tudo vai se ajeitar.

- Ela é uma das minhas melhores amigas! – exclamou a ruiva, deixando que os olhos começassem a marejar. Não precisava mostrar-se forte naquela hora, não precisava mostrar-se forte para Sirius. – Não quero ficar sem falar com ela...

O maroto a aproximou dele, envolvendo-a em um abraço carinhoso. Sirius deu a Lily exatamente o que ela precisava agora: conforto, abrigo, compreensão. Ele não precisava dizer mais nada, dar nenhum conselho, apenas ficar ali com ela, abraçando-a, fazendo companhia.

- Soube que agora o nosso querido Potter virou Tiago para você. – falou Sirius, depois de um tempo com a amiga em seus braços.

- É, tenho que admitir que estava ficando um tanto quanto chata aquela história de sobrenomes. – respondeu a menina, abrindo um fraco sorriso. – Mas isso não quer dizer que eu vá aceitar aqueles pedidos inconvenientes dele para sair!

- Tudo tem seu tempo, Lily, tudo. – disse Sirius, passando o braço pelo ombro da ruiva e caminhando com ela para fora do salão comunal. – Agora vamos para onde estão os outros, porque além de eu estar morrendo de fome, aposto que tem alguém louco para te ver. – completou, abrindo um sorriso maroto.





N/A: Neste capítulo, a n/a voltará ao jeito padrão porque preciso dar muitos avisos, mas no capítulo 8 volta àquele jeito que eu venho fazendo.
Bom, sobre a briga da Lily com a Ash, eu tentei demonstrar que as duas estavam erradas, cada uma em um ponto, então tentem não “tomar muito partido” de uma ou de outra.
Quanto ao Johnny, sei que ele pode estar parecendo um corno manso (aliás, ele é), mas tentem vê-lo como um pobre apaixonado que prefere fingir não ver as coisas que acontecem do que não ter a garota que ele tanto ama ao seu lado. Aliás, se despeçam do personagem =D
Sobre a Ashley e o Sirius, essa conversa dele foi um tanto delicada. O que eu gostaria que vocês entendessem é que essa fic será bem longa, então o romance entre eles acontecerá aos poucos, porque eu sinceramente prefiro fazer o sentimento entre eles brotar aos poucos do que fazê-los se amando loucamente logo nos primeiros capítulos. Muitos vão achar o Sirius um cafajeste? Sem dúvida, mas ele nunca disse que queria algo sério, e ela também não queria namorar, mas se irritou por ter sido dispensada e teve o seu tão grande orgulho ferido.
Agora, vamos ao futuro da fic: respondendo aos pedidos dos meus queridos leitores por Remo/Mel, fiquem tranqüilos que logo terá. É que eu tenho um planejamento para a fic, e garanto a vocês que agora o Tiago e a Lily, juntamente com o Remo e a Mel, ganharam mais destaque, é só vocês terem um pouquinho de paciência, pois tudo tem uma hora certa para acontecer.
Como várias pessoas viram, eu fiz um vídeo das cenas do Sirius e da Ashley na festa (quem não viu, é só ver no fim do capítulo 6 que o vídeo está lá – quem não conseguiu ver antes porque o vídeo não entrou, eu disponibilizei o link também). Devo adiantar que farei isso por mais muitas vezes (criar vídeos para ilustrar as cenas que estão acontecendo), então podem esperar vários videozinhos daquele tipo no meio ou no final de alguns capítulos. E, além disso, eu estou fazendo um vídeo geral envolvendo cenas dos personagens e dos casais (sim, terá várias cenas dos três casais!), e aliás, foi por estar preparando esse vídeo tão trabalhoso que eu demorei a atualizar a fic. Portanto, como brinde de quando essa fic chegar aos 500 comentários, estarei postando o vídeo para vocês. Agora, um último e importante aviso, já que eu já fui vítima de plágio várias vezes: e eu gostaria muito que não copiassem essa idéia. Então, por favor, não me plagiem de novo, tenham um pouco de bom senso.

Ah, quase ia me esquecendo: tem um tópico na minha comunidade que uma menina criou, basicamente para comentarem sobre os capítulos, darem sugestões e fazerem especulações. Confesso que o tópico foi bem útil, porque assim fica mais fácil de eu responder vocês. Então, quem quiser, além daqui, dar uma passada lá, sinta-se a vontade: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=11081220&tid=2474488432711653423&start=1

Desculpem-me por essa n/a gigante, mas é que eu me empolgo para falar com vocês, e também tinha vários avisos para dar! Ah, uma última coisa: MUITO OBRIGADA A TODOS QUE TÊM COMENTADO AQUI! Realmente não tenho do que reclamar, vocês são demais, eu fico muito feliz com tudo isso, obrigada de coração!

E, para não perder o costume: comentem, meus queridos leitores, hehehe =D

Milhões de beijos muito gratos,
Fê Black ;)

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