C. II



Dorcas Meadowes; ouvindo: pessoas falando ao mesmo tempo, sei lá.


 


 


Caramba, olha a cara do Remie! Tá de matar, sinceramente. Parece que a Emmeline brigou com ele de novo... Ele tá sentado conversando com o James, parece que ele tá tentando ajudar ou qualquer coisa assim. Odeio não poder atravessar essa linha imaginária que separa meu mundo do dele pra poder fazer ele sorrir, que droga!


- Dorcas? – ouvi a Alice me chamar, irritada.


- Oi. Eu – disse tirando os olhos de onde o Remie estava e olhando pra ela.


Ela parece nervosa.


- Você ouviu alguma coisa do que eu disse?


- Não. Desculpa, Lice.


- Tudo bem. Mas dá um jeito nessa sua paixão platônica, você tá quase me trocando por ela! – ela sorriu.


Sabe o que eu mais gosto na Alice? Ela te entende e nunca fica com raiva de você por muito tempo. Se você for amiga dela, claro. Ou se você for eu, pensando bem (?).


- Não tem fundamento isso, então vou ignorar – dei um gole no meu suco de maçã – Repete, por favor? O que você disse.


- Então – ela parecia animada de novo – Eu tava pensando, e você podia ir lá pra casa hoje depois da aula, a gente estuda e assiste Femme Fatale depois!


- Prefiro assistir Psicose de novo – fiz minha cara de sofrimento.


- Dorcas, para de ser homofóbica!


- Não é pelas cenas homossexuais, é por... Não sei. Mas não tem nada a ver com a mulher pegar a outra, porque eu acho isso até meigo, tá.


- Aham, Cláudia, senta lá – oi?


- Oi?


- Ah, é uma mania nova do Frank, pode ignorar – ela deu de ombros.


- Falando em Frank – eu abri o maior sorriso do meu estoque – Como andam as coisas? Hein?


- Não sei porque você fala desse jeito – ela tirou os olhos dos meus no mesmo instante e os depositou na comida em seu prato – Não é como se eu e ele tivéssemos alguma coisa.


- Ainda, né?


- Dorcas – ela voltou a olhar pra mim sorrindo. Ou seja, ela vai mudar de assunto – Sabe o que eu tava pensando também? A gente podia vir no próximo jogo do time, acho que é sábado.


- Eu sempre vou aos jogos, Alice – revirei os olhos – Você anda cada vez pior em disfarçar e mudar de assunto.


- Não, bobinha! O que eu quis dizer é que nós podíamos vir juntas, entendeu?


- Sabe o que eu acho? – peguei minha bandeja, pois o sinal estava marcado pra cinco minutos ou menos.


- O quê? – ela me acompanhou.


- Que você devia chamar ele pra ir pro baile com você – coloquei a bandeja onde ela supostamente deveria ficar e fui andando pra sala. Não sem antes virar e gritar: - E eu aceito ir pra sua casa hoje ver Femme Fatale, contanto que você faça isso!


- Idiota! – ela gritou de volta.


É tão bom saber que eu estou ajudando a Alice a desencalhar e finalmente pegar o cara que ela é afim há séculos! Porque é claro que ela vai convidar ele. Ela só precisa de uma desculpa mesmo.


 


                                                                    X


 
- Dorcas! – Alice veio gritando na minha direção com sua melhor cara de felicidade – Você nunca vai adivinhar o que aconteceu!


- O que? – perguntei tentando parecer o mais empolgada possível.


Até porque, eu já sei o que é. O Frank aceitou o convite dela pro baile, aposto 20 libras e um frapuccino!


- O Frank aceitou meu convite! Isso significa que eu não só não paguei mico, como vou pro baile! – ela pulou um pouco, mas logo parou – Só pra constar, minha felicidade é pelo baile, não por ele, ok?


- Claro! – concordei rapidamente, ignorando uma risadinha que queria sair da minha boca a todo custo.


- Agora você tá me devendo uma coisa.


Ah é. Tinha me esquecido.


- Eu não disse que ia caso você chamasse ele? Então. Eu vou.


Ela sorriu pra mim, super feliz. É tão lindo ver ela empolgada assim. Se eu soubesse que seria tão fácil, teria pensado em alguma coisa parecida antes.


- Não olha pro lado, ok? – ela avisou.


O Remie tava comendo a Emmeline lá. Eu não preciso nem olhar pra saber, a Alice sempre me avisa quando é isso. Ela sabe que me incomoda, mas eu também não admito pra ela nem a pau. Ela não admite que é louca pelo Frank, por que eu preciso admitir que passo mal pelo Remus?


- Já te falei que não me importo com esses dois se comendo – dei de ombros e segui determinada até o ponto de ônibus.


- Aham, Cláudia, senta lá – ela falou de novo, rindo.


- Pode parar com essa mania chata, não gostei dela – fiz um beiço.


- Olha, eu acho que se você contasse pro Lupin como você se sente, ele ia largar aquela bruxa loira por você.


- Aham, Cláudia, senta lá – imitei ela.


Ela riu muito.


- Hipócrita!


- Claro que sou. Todos somos, tá?


- Aham, Cláu...


- NEM FALA – cortei ela.


- Tudo bem – ela riu um pouco mais – Mas sério, tenta falar com ele um dia sobre isso. Vocês são tão próximos, ele com certeza já pensou na hipótese.


- Ele me considera uma irmã menor, uma melhor amiga, uma prima, não sei. Mas ele definitivamente não me considere uma peguete em potencial, Alice.


- Você que sabe – ela deu de ombros e no mesmo instante o ônibus chegou e nós entramos.



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Logo estaríamos em um assunto completamente diferente, como se nunca tivéssemos falado no Remie.


Mas falando nele... Que saudade.


 


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- Tudo bem, mãe. Já entendi – falei limpando a porcaria do copo, colocando ele no armário e saindo dali.


Pelo menos terminei de lavar a louça já. Que inferno!


Não, não sou uma rebelde sem causa. Muito menos, me importo em ajudar a mamãe com a louça ou coisa assim. O problema é que ela me disse que eu vou ter que ir naquele negócio chato que o povo do nosso prédio dá. Eu odeio ir nesse treco, só vai gente velha e chata.


- Vou subir pro meu quarto, tá? – perguntei ela, que estava na sala vendo TV.


- Tudo bem, Dorcas. Mas, meu bem, – ela olhou pra mim – Não fica com raiva da mamãe, ok? Eles mandaram levar os filhos, pra uma confraternização.


- Claro – eu assenti e subi rápido as escadas. Até parece. Nenhum outro filho além de mim ia ir nisso, aposto.


Legal, telefone. Aposto que é a Alice querendo falar alguma coisa idiota, ela sempre me liga pra falar alguma coisa idiota. Se não é idiota, ela liga aqui em casa ou fala no colégio. E é ela mesma, tá como número confidencial. Se for algo do Remus juro que desligo na cara dela!


- Se for do Remus nem fala, Alice – eu atendi bufando.


- De mim? – ele riu – O que a Alice teria pra falar de mim?


PUTA QUE. Legal. Eu devia ter parado pra pensar que, considerando minha sorte, nunca seria a Alice se eu atendesse daquele jeito. Se fosse ela o destino mudaria e colocaria o Remus falando no telefone, mesmo que ele ficasse perdidinho tipo “POR QUE ESTOU TE LIGANDO?! O_O”, só pra que eu me ferrasse total e aprendesse a lição.


Lição aprendida: nunca atenda ao telefone de maneira suspeita, mesmo com certeza de quem é.


- Ah, oi Remie – tentei mudar de assunto – Como foi com a Emmeline hoje? Eu vi vocês brigando logo na entrada do colégio, mas depois se comendo em algum lugar. Espero que isso signifique que vocês estão bem, né?


- Não muda de assunto, Dorc – ele ainda ria – O que a Alice teria pra falar de mim?


- Sei lá, ela adora falar de você – bufei.


O que eu vou dizer pra ele agora?


- Calma... A Alice...? – pude saber só pela voz dele que ele estava confuso.


- Não, ela é doidinha com o Frank. É porque ela acha você um amigo ruim, pronto falei – WTF DORCAS!


- Um amigo ruim?


- É. Sei lá. Pode ignorar, a Alice é idiota. Por que você me ligou, Remus?


- Um dia você me explica isso direitinho. Quando eu tiver cara a cara com você, porque daí você para de me enrolar – juro que dou 50% da minha mesada por três meses pra igreja se ele esquecer disso! Não sei mentir cara a cara – Mas então. Com a Emmy ficou tudo bem, eu acho. Não sei, Dorc. Ela é confusa, você sabe. E tô te ligando porque preciso de um favor – ele riu de novo.


- Tá rindo do quê, Lupin? – estranhei.


- Os meninos tão fazendo umas idiotices aqui. Eu tô na casa do Sirius.


- Ah sim. E que favor?


- Você faz?


- Se envolver qualquer tipo de crime ou desvio não.


- Ahm? Não! É coisa simples, nenhum crime ou desvio.


- Certo. Faço. O que é?


- Vai lá em casa... – ele começou, mas eu o cortei.


- ONDE?


- Na minha casa, oras.

- Mas você não está lá, Remus.


- Jura? – ele riu ainda mais – É só tocar, minha mãe abre pra você. Daí você sobe no meu quarto que eu vou te dizer onde tá o que eu preciso que você pegue.


- Não tem outro jeito de você conseguir isso? Não quero ter que entrar no seu quarto sem você lá. O que sua mãe vai pensar de mim?


- Que você é uma amiga legal. E não, não tem. Você disse que fazia o favor, lembra?


Respirei fundo: - Tá legal. Mas dessa vez você vai ficar me devendo mais do que um café da manhã, Lupin – e sai do meu quarto, indo até minha mãe – Mãe, vou ali no Remus, tá? Ele tá precisando de ajuda, então – eu fiz aquela cara de “sente minha situação”, do tipo “não quero ir, mas você sabe né..”.


- Tudo bem – ela sorriu – Eu entendo.


Sorri pra ela também e sai.


- Pode bater, Dorcas. Minha mãe não vai te matar – ele riu.


Dava pra perceber que eu tô com medo assim? Aliás, medo não, vergonha!


- Cara, se eu não for pro céu, vai ser a maior injustiça da terra! – bati a campainha.


- Dorcas – a mãe dele disse sorrindo, super simpática – O Remus não está.


- Ah, tudo bem. Eu tô com ele no telefone – dei um sorriso torto – É porque ele meio que tá pedindo pra eu pegar um negócio no quarto dele, tem problema?


- Claro que não, querida. Pode entrar – ela abriu ainda mais a porta e eu entrei na sala linda do Remie.


- Obrigada, sra. Lupin.


- Sinta-se em casa, querida. Fique o tempo que for necessário, ok? Vou estar no meu escritório, qualquer coisa – ela disse logo após fechar a porta e então se retirou.


- Sobreviveu, Dorc? – ele ainda ria de mim.


- Acho que sim. Você me mata de vergonha, Remus!


- Minha mãe te ama, ela nunca seria grossa com você. Relaxa.


- Ela me ama? Em que universo, Lupin? – perguntei desesperada.


- Tô falando. Ela te acha a menina perfeita, já mandou até eu casar com você – ele riu de novo.


- Ah. Mal sabe ela que eu nunca casaria com alguém sem coração o suficiente pra me acordar às sete e quinze da manhã.


- Não vem com essa, você ia adorar ser a sra. Lupin. E mais, eu estou fazendo de você uma pessoa saudável. Você devia me agradecer!


- Claro, Remie. Obrigada por me acordar as sete e quinze, por me fazer ir pro colégio descabelada, por me trazer tantas alegrias e fazer da minha vida tão saudável! Tenho tanta sorte por ter te encontrado, não é? – falei sarcástica.


- Sarcasmo? – ele fez pouco caso. Sabia que ele tinha aquele sorriso brincalhão no rosto – Para de tagarelar e vai pro meu quarto, Meadowes. O Sirius tá morrendo aqui.


- O negócio é pro Sirius? – fiquei confusa – O que é? E pronto, estou no seu quarto, ridículo.


- É sim. Preciso que você vá na quinta gaveta do meu armário esquerdo. Se na quinta tiver cuecas, é na quarta.


- Claro.


Ótimo, tem cuecas. Vou tentar não encarar as cuecas do Rem... MEU DEUS, ELE TEM UMA CUECA DO AQUAMAN!


- REMIE, QUE LINDO! VOCÊ TEM UMA CUECA DO AQUAMAN! – gritei no telefone.


- Dorcas, para de olhar minhas cuecas! – ele riu muito – E é, ganhei ela de presente.


- Sério? De quem? – quem do circulo de amizade dele seria capaz de dar um presente tão... LINDO?


- Do Frank. Eu conversava com ele ano passado bastante, daí ele me deu de brincadeira.


- Sabia! – que não podia ser alguém do círculo atual de amizade dele.


- Sabia o que?


- Nada. Então, quarta gaveta aberta. O que é pra procurar?


- Tem um envelope preto aí, não tem? Escrito “Pra Sirius Black”.


- Tem.


- Abre ele. Eu vou colocar no alto-falante e você vai ler em voz alta, tá?


- Tudo bem – suspirei – Tá no alto-falante já?


- Não, sou eu ainda, Remus lindo falando com você – pude ver que alguém imitou o Remus com voz de bicha, e logo uma discussão começou.


Na verdade eles mais riam do que tudo.


- Isso responde a minha pergunta – falei pra mim mesma – SILÊNCIO, DÃ! Eu vou ler o negócio.


- Tudo bem, começa – achei que essa devia ser a voz do Sirius, pois parecia imensamente interessado – Cala a boca aí, porra!


- Querido Sirius, eu queria ter te mandado essa carta antes, mas não tinha coragem pra escrever essas coisas pra você – WTF?! Que letra perfeita! – Me desculpa se eu estava agindo esquisito nos últimos dias, é porque eu não consigo tirar você da minha mente e isso me mata! Eu tento o tempo todo te esquecer, mas não dá. Eu queria tanto que você me perdoasse e voltasse comigo, porque sinceramente, sem você nada vale a pena pra mim. Eu sinto falta de você em tudo o tempo todo! Eu vejo um filme, lembro de você e choro. Vejo uma foto, quase morro. Isso tá fazendo mal pra mim. Não me importa mais quem errou, é passado. Eu te amo. Te amo muito mesmo, pra sempre. Da sua, sempre sua, Marlene – OWN, QUE MEIGO!


E eu que pensava que aquelas meninas nem tinham sentimentos, que amor.


- Ah Sirius, volta com ela! – eu falei comovida pela carta da menina.


- É o que eu pretendo fazer – ouvi ele (acho que é ele) dizer.


- Boa sorte – desejei de verdade. Tomara que ele se acerte com a Marlene, tomara mesmo. Eu sempre achei eles um casal bonito, mas nunca um casal fofo. Agora acho os dois, que cuti-cuti!


- Dorcas – o Remie disse – Tirei do alto-falante. Mas o Sirius disse obrigado.


- Ah, de nada.


- E obrigado de novo, por ter me feito esse favor. O Sirius precisava ler essa carta... Eu consegui pegar ela sem a Marlene ver, porque a Marlene queria meio que jogar fora. E como eu não tinha aberto, bom... Ele tava morrendo aqui. Você entende.


- Entendo. E fico feliz por ter ajudado nisso. Além do mais, estou orgulhosa de você por ter ajudado seu amiguinho, parabéns, Remie. Próxima fase é aprender a ajudar sua amiguinha Dorc que precisa de horas de sono saudáveis.


- Você vai me perseguir com isso pra sempre, né? – ele riu.


- Não. Só até eu achar outra coisa pra te irritar. O que eu não duvido, não deve passar de hoje. Estou no seu quarto, aposto que acho alguma coisa vergonhosa.


- Faça o que quiser, não abra a segunda gaveta. Tá? – ele disse sério.


- Eba, já até sei por onde começar minha busca!


- Não Dorcas, é sério. Não abre, por favor, a segunda gaveta. Tá?


- Tudo bem, desculpa. Eu tava brincando – AH MEU DEUS D:


- Sem problemas, baixinha – sabia que ele estava sorrindo agora – Vou ter que desligar. Amanhã eu passo aí e te dou carona até a quase porta do colégio de novo, tudo bem? Passo aí lá pras oito e quarenta.


- Não se atrase – tentei ser o mais clara possível – E boa noite, Remie.


- Boa noite, Dorc. Valeu por tudo – e desligou.


Agora, gente do céu, o que eu faço? Abro ou não a segunda gaveta? Porque sinceramente, eu sou curiosa até o talo! Mas não queria fazer algo que deixasse o Remie chateado comigo. Nunca!


OH, MALDITO DILEMA. Minha própria felicidade ou respeito ao coleguinha? Que decisão difícil!

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N/A: Oi pessoas, de novo! Eu não desisti.. mesmo querendo. É porque é realmente difícil postar uma fic sem comentários, por mais gay que isso seja. Um dia eu aprendo a não ligar nem um pouco pra isso, é. Enquanto isso, comentem pra me deixar feliz <3 HEHEHE Então. Esse é o capítulo dois, e logo eu posto o três. Logo mesmo, porque a fanfic já tá toda escrita. Eu ia fazer de um capítulo só, mas como sempre eu escrevi além da conta. Estou aprendendo a escrever fanfics pequenas (vide as últimas três shorts que eu escrevi).. HE. E bom, é isso. Até o capítulo três <3

Obrigada à Vanessa, Lara e Gê, por ter comentado (?). Beijos pra vocês :3 

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