C. I



Dorcas Meadowes; ouvindo: The Beatles – Because;


 


 


Essa música me relaxa muito. A Alice sempre diz que parece música pra se ouvir enquanto a gente se droga com coisas do tipo LSD ou ecstasy (porque segundo ela essas devem ser as drogas mais legais Q), e bom, eu concordo, porque parece mesmo, mas eu gosto dela ainda assim. Um dia vou escutar ela enquanto me drogo!


Não, HE Q.


Olha, o Remie!


O Remie é o meu super vizinho, muito lindo e fofo. Nós meio que estudamos no mesmo colégio, só que ele é de um grupo diferente do meu. Ele é popular, assim como os amigos dele Sirius e James, e namora a Emmeline, que é a loira mais popular do colégio. Mas ele não é o mais popular não, porque o James que comanda o negócio todo, eu acho. Enfim. Ele conversa muito comigo quando pode, e eu acho ele super legal. Não é o tipo de cara que parece que é, sabe?


Pra resumir, eu gosto dele. Gosto muito mesmo. Eu amo ele, pra ser mais sincera. Mas ele namora a bruxa loira lá, o que eu posso fazer? Ela é bem melhor que eu. Numa escala de 0 a 10, ela é 10 e eu sou -5. É. Eu sou baixinha e pareço bastante uma criança de 12 anos, mesmo tendo já meus 15. Mas eu não sou feia, sabe? Eu só não sou o tipo de menina que homens escolheriam, no geral. Ainda mais se uma loira, super gostosa, com cara de 19 mesmo tendo só 15, aparecesse na frente deles.


É até injusto, não é? Eu sei.


Pelo menos eu ainda tenho meu bom gosto musical. Aposto que a Emmeline não escuta esse tipo de música. Ela deve ouvir coisas do tipo... não sei, Britney Spears o dia inteiro, ou funk. Não que Britney Spears seja ruim, ok? Não me matem! Ela só não faz meu estilo. Podem ignorar esse parágrafo então, HE. Ou não.


Olha, o Remie! Só repeti isso porque agora ele tá acenando pra mim. Como ele sempre faz, aliás. E olha, ele tá escrevendo alguma coisa (escrevendo num caderno, sabe, ele é meu vizinho de frente e a gente se comunica assim às vezes, porque as janelas dão de frente uma pra outra). Não tá mais, porque tá atendendo ao telefone. Oh, aposto que é a Vance. Ele sempre fica com a mesma cara ultimamente. Acho que eles estão passando por uma fase tensa no relacionamento deles, sabe como é.


Bom, vou ignorar ele, é. Ah, coitado. Ele parece tão triste. Acho que eu vou escrever alguma coisa primeiro. Do tipo “Tudo bem? D:”. Uhm, ele viu e não me ignorou, isso é bom. Como se ele fosse fazer isso, ele nunca faz. Ele é 100% fofo comigo do principio ao fim do dia, todos os dias da semana. Acho que eu pareço uma vizinha-amiga legal.


“Cansado de drama :/”


Ah, eu te entendo Remie. Vem pra mim então, neném! Qual o problema comigo? Pergunta retórica, nem se dê ao trabalho.


“Quer conversar?” – eu que perguntei isso, lógico.


“Afim de não gastar créditos no telefone?” – ele tá sorrindo pra mim, aliás. Ele é tão lindo, meu Deus!


“Totalmente!” e logo comecei a escrever de novo “Seu telefone vai tocar em 3, 2, 1..”.


E deve estar tocando, porque eu tô ligando pra ele. Sabe, eu falo de graça com ele no telefone fixo, não sei porque, alguma loucura do nosso plano e tal, mas isso é até bom. Porque daí eu posso falar com ele pelo tempo que eu quiser sem ser assassinada pelos meus pais depois.


Ou pela Alice. Ela me mataria caso eu gastasse dinheiro pra falar no telefone com um menino, não sendo namorada dele. E ele nem sendo um peguete em potencial.


- Oi! – ele gritou assim que atendeu.


- E então, quer desabafar ou falar sobre qualquer outra coisa que não isso?


- Só queria te perguntar uma coisa antes... Por que mulheres são tão complicadas? – ele riu – Um tanto quanto clichê...


- Ah, mas perfeitamente aceitável. E eu não sei te responder, ela deve ser bem mais complicada do que eu. Minhas complicações se resumem a intolerância a lactose e asma.


Ele riu um pouco mais.


- Não entendo porque elas se preocupam tanto com coisas não-importantes, sabe?


- Muito menos eu. Mas o dia que eu entender eu juro te explicar.


- Temos um acordo então – pude ver que ele piscava pra mim, com aquele sorriso brincalhão no rosto – Escutando Beatles?


- Como sempre – eu sorri também.


- Você precisa de uns hábitos novos, srta. Meadowes – ele tinha ainda (eternamente seria uma palavra melhor pro Remus) aquele jeito brincalhão.


- Preciso é?


- Precisa sim. Pode começar correndo com seu amigo de manhã e aceitando um sorvete acompanhado de uma volta no parque.


- Eu nunca rejeitei a parte do sorvete com o parque, sabe. Mas correr, Remus? E a minha asma super companheira, como fica?


- Droga, eu tinha esquecido desse pequeno detalhe!


- Tudo bem, acho que é perdoável – disse rindo – Mas de qualquer forma, eu faço companhia pra você. Fico contando em quanto tempo você dá a volta no quarteirão, quer? – propus brincando.


- Não é que é uma ótima idéia? – ele ria.


- Tá falando sério? – eu duvido muito.


- Claro que tô! Amanhã eu te acordo as sete, pode? Vou tacar uma pedra na sua janela se você não acordar.


- Ah não! Sete?


- Sete, mocinha. Nem mais, nem menos.


- Tudo bem. Isso que dá a gente querer ser amiga das pessoas que querem manter o porte físico, tá vendo? Eu devia trocar de vizinho... Aposto que o Wally da sua sala não gosta de corridas matinais.


- E ele com certeza é uma ótima companhia – Remie ria como nunca – Que piada, Dorc.


- Não é piada, coitadinho. Ele parece uma boa pessoa.


- Eu não disse que não parece! – Remie ainda ria, lógico.


Mas é, é uma coisa engraçada de se imaginar. Só lembrar do Wally já é engraçado, pra ser sincera.


- Dorc, vou ter que desligar. Namoradas dramáticas chamando.


- Ah, atenda o chamado. É sempre melhor, né? Não tenho muita prática nisso, porque nunca namorei loiras gostosas e dramáticas, mas acredito que deva ser melhor mesmo. Boa sorte com isso. Eu vou dormir, então não me ligue depois, ok?


- Vou pensar no seu caso – ele riu um pouco – Boa noite, de qualquer forma. Se cuida.


- Claro, claro. Tenta não morrer aí, tá? Boa noite – desliguei o telefone.


Ele fez aquela coisa que soldados fazem ao dizer “UH!”, sabe? Com a mão na testa... Acho que continência, não sei. Procuro amanhã na internet pra confirmar.


Agora, agora mesmo, eu vou é dormir. Boa noite pra todo mundo desse mundo.


 


                                                              X


 


- Alô? – falei com minha voz sonolenta.


Não, não olhei quem era. Eu mal consigo pensar! Quem me ligaria às duas da manhã?


- Hora de acordar, dorminhoca – ouvi a voz brincalhona do meu príncipe encantado soar como sino aos meus ouvidos.


- Ah não, Remie, é você? – implorei por misericórdia. Que não seja ele!


Se for ele eu vou ter que levantar, sabe?


- Sim, sou eu. E já são sete e quinze, você tá atrasada – virei o rosto pra janela e ele tava lá, sorrindo pra mim.


Legal, não são duas da manhã. Mas eu me sinto como se fosse.


- Você é insuportável, sabia? – eu falei me levantando com um zumbi da cama.


Coloquei minha pantufa de sapos e passei a mão no cabelo.


- Você vai passar comigo na Starbucks primeiro, eu preciso de um café da manhã.


- Algum tempo pra você se arrumar?


- Não, eu vou assim e você que se vire pra lidar com o mico de ter uma vizinha com camiseta enorme do panda legal e pantufas de sapos. Aliás, vou só colocar um sobretudo, porque tá frio. 


Ele riu – Não é mico nenhum. Te encontro lá embaixo em dois minutos então? – perguntou – E eu pago seu café, não precisa chorar.


- Eu não estou chorando, estou protestando – pontuei – Mas sim, menos de dois minutos, aliás. Você desce a escada como um bichinha, é? – peguei meu sobretudo xadrez, coloquei e sai do quarto – Até, Remie.


E desliguei o telefone. Ainda tô cara de zumbi, provavelmente, mas meu cérebro só começa a racionalizar depois da primeira refeição. Então é como se eu estivesse agindo inconscientemente. Engraçado como eu tenho consciência disso.


- Bom dia – ele disse assim que a gente se encontrou nas escadas.


- Bom dia o caramba, não é nem dia ainda – resmunguei.


- Qual é, Dorc, põe um sorrisinho nessa sua cara – ele riu de mim.


Eu acho que foi de mim, pelo menos. Devo estar engraçada ao cubo.


- Quero meu cappuccino – bufei.


- Vamos então, antes que você tenha um treco – ele riu de novo de mim.


Claro que é de mim, só pode ser de mim.


Fomos até a Starbucks mais próxima (que por algum acaso é do lado do nosso apartamento) e estava aberto, o que até me surpreendeu, porque eu não esperava por isso. Esse povo começa a trabalhar cedo por aqui.


- O que você quer? – Remie me perguntou enquanto eu me jogava na poltrona verde grande de lá.


- Diz que é o café da Meadowes, ou da Dorcas, eles vão saber – disse com os olhos já fechados.


Como ele consegue essa disposição toda? Meu Deus do céu, é madrugada ainda! Eu mal consigo respirar, porque isso me cansa. A única coisa que não me cansa no momento é dormir. O que eu vou tentar fazer de novo...


- Dorcas? – de novo a voz do príncipe soando como sino aos meus ouvidos.


Aliás, o Remie tem uma sorte do caramba de eu ser apaixonada por ele, porque senão a essa altura do campeonato eu já tinha esmurrado ele como eu esmurro meu despertador.


- Que é – perguntei de olhos fechados.


- Comida – ele riu.


Abri os olhos e tava ali, um cappuccino médio, dois croissants de queijo e um cookie. Comecei a devorar meu café, ganhando consciência aos poucos. Tendo consciência disso, inclusive.


Tendo consciência de que eu estava ganhando consciência aos poucos, deu pra entender? Então.


- A comida não ia sair andando – ouvi o Remie dizer.


E então pela primeira vez eu tive consciência total da presença dele. Levei um certo susto e olhei pra ele, assustada.


- Remus? – perguntei.


Que coisa idiota.


- Não. Wally – ele riu.


Wally, HEHE. É engraçado mesmo Q.


- Dá pra você me lembrar algumas coisas?


- Como, por exemplo...? – ele ergueu a sobrancelha esquerda.


- Por que raios eu estou aqui nesse estado?


- Eu sei lá. Perguntei se você não ia se arrumar e você disse que não, e que eu ia ter que lidar com o mico de estar com uma vizinha vestida assim, sozinho – ele deu de ombros.


- Ah claro, e você simplesmente aceitou!


- Você queria que eu tivesse feito o que?


- Sei lá, insistido pra eu por algo decente! Você sabe que eu não racionalizo até comer alguma coisa.


- Me desculpa, Dorc. Eu esqueci disso. Além do mais – ele chegou mais perto – você tá fofinha – apertou minhas bochechas, sorriu e se levantou, me chamando pra fazer o mesmo.


Fofinha? Fofinha então. Tô fofinha.


Sabe, eu tô fofinha, HIHI. Eu. Fofinha. Não é lindo?


- Você não quis dizer fofinha de gorda, né? – perguntei pra ele, tentando esconder minha empolgação.


- Claro que não – ele deu um tapa de leve na minha testa – Você sabe que não.


Claro que não. Eu sou fofinha de bonitinha. Fofinha. FOFINHA!


- Então – tentei dizer antes que minha mente engatasse numa viagem total – Como a gente vai fazer? Eu vigio você, né?


- Exatamente. Pode sentar aí – ele apontou o banco que tinha na praça em frente – E contar.


- Mas primeiro – chamei antes que ele começasse a correr – Por que isso tudo?


- O treinador – a Emmeline, eu pude ter certeza – falou que eu preciso melhorar, pois não sou o melhor – ele deu um sorriso torto.


- Ah. Bom – eu sorri, tentando animá-lo de novo – vamos fazer de você o melhor então! – fiz um jóia pra ele e me sentei – 1, 2.. – ajustei o cronômetro – 3, VAI.


E lá se vai ele, correndo e correndo.


Coitadinho. A Emmeline não devia colocar ele sob tanta pressão, é completamente injusto.



                                                                     
X


 


- É claro que a culpa é sua – eu bufei – Você que correu além da conta! – coloquei meu all star amarelo super rápido e corri pro carro dele.


- Cadê a Dorcas que queria me ajudar? – ele brincou e riu um pouco de mim.


Deve ser porque eu estou com cabelo armado, roupa toda torta e coisas assim. A culpa não é minha, ele me fez atrasar!


- Toda minha piedade acaba quando eu não posso me arrumar com calma, você sabe – coloquei o cinto e suspirei – Pelo menos eu tô viva.


- Sempre bom pensar assim – ele ligou o conversível vermelho.


- Mas oh, melhor você conversar com a Emmeline sobre essa coisa toda de melhorar, porque logo eu vou estar morta se eu tiver que acordar de madrugada todos os dias.


- Você não quis dizer treinador? – ele sorriu pra mim.


Ele sabia que eu sabia.


- Não quis não. Você sabe muito bem que não me engana, Remus – eu virei pra frente, porque antes tava olhando pra ele.


- Sei – o sorriso de repente sumiu.


- Posso saber por que você fechou a cara? – fingi estar ofendida – Isso é completamente inaceitável. Eu estou viva, lembra?


- E isso é um motivo pra eu estar sorrindo então? – ele disse, mas voltou a sorrir no mesmo instante.


- Claro que é – empinei o nariz – Você sabe muito bem que eu sou a luz das suas manhãs e dias, Remie.


- Ah é – ele riu – Obrigado, Dorcas – apertou minha bochecha com uma mão e logo voltou ela pro volante.


Em alguns dois minutos estaríamos no colégio.


- De nada – continuei com a mesma cara, mas logo ele estava apertando minha barriga dos lados, me obrigando a sorrir.


Ele é tão lindo! Merecia estar feliz o tempo todo. Com o sorrisinho dele ele ilumina a cidade inteira, se ele soubesse.


Assim que chegamos à rua do colégio, eu reconheci a loira com mini-saia que conversava com uma ruiva vestida praticamente igual.


- Ela não vai ficar com raiva de me ver no carro não? – perguntei pra ele, preocupada.


Não queria mesmo que ela brigasse com ele, isso deixa ele muito mal.


Ele não me respondeu, só fez uma careta e eu entendi que sim, ela ficaria extremamente nervosa com isso.


- Tá tudo bem, Remie. Você ter me trazido até a escola já foi um favor bem grande. Posso descer aqui – eu ia abrir a porta, porque ele tava meio que parado, já que tinha uma espécie de fila de carros.


- Não Dorc, pode ficar – ele disse.


Mas eu sabia que ele só estava dizendo isso porque é fofo e educado e acha cruel me expulsar do carro. Não muda o fato de que no fundo, ele quer que eu saia porque vai ser mais fácil lidar com a bruxa loira.


- Não tem problema, ok? – eu abri a porta e desci – Até hoje de noite – sorri – Me liga se puder – fui andando com meus livros na mão.


- HEI, Dorc – ele gritou, com o carro do meu lado, super devagar, mesmo a fila já tendo se dissipado – Você é a melhor amiga do mundo. Obrigado – ele sorriu fofo pra mim, e acelerou um pouco, parando rápido na porta do colégio, descendo e cumprimentando a namorada e os amigos.


Pude ver que ela já estava reclamando sobre alguma coisa, e eu tive a sensação de que era sobre mim, porque a vi me olhando. Espero que eu não cause nenhum problema pro Remie, espero mesmo.

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N/A: Oi galere, esse é o mini-capítulo-um. Sejam bem vindos à minha versão de HSM, AUEAHUEAU Brimks. Nem é, ok. E bom, comentem aí e tals, enjoyem aí e tals. Eu posto o mini-capítulo-dois logo, juro. E como é minha obrigação: O Melhor Amigo Do Meu Namorado; eu tô escrevendo junto com a Evams, e é legal porque eu escrevo uma parte e posto na Floreios, aí ela lê aqui e então posta outra parte, por aí vai. E a gente não se comunica nem nada, então é uma sucessão de destruição de sonhos (mentira, que a gente pensa igual HE ounão).
Enfim, beijos pra vocês, e juízo galerinha Q 

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