Capítulo Único



-Mione? HERMIONE?! – ouvi meu marido berrando do andar de cima.
Suspirei, encantando a frigideira para continuar a fazer panquecas e subi as escadas, apertando mais meu roupão contra o meu corpo.
-MIONE!!
-Que foi Ron? – perguntei chegando ao quarto e me escorando na porta. Rony andava de um lado para o outro do quarto, levantando os lençóis da cama, espiando embaixo do guarda roupa, todo descabelado e apenas de toalha.
-Você viu minha cueca por ai? – ele me perguntou, me encarando.
-Você só me chamou aqui para isso? – resmunguei, eu estava cansada. Ontem a noite tinha sido agitadíssima e eu ainda tinha alguns relatórios para organizar. – Tem um monte nas suas gavetas.
-Eu não quero aquelas cuecas. – ela falou apontando acusadoramente para o armário. – Eu quero a minha cueca da sorte.
-Ã? – perguntei confusa. Eu podia estar com sono, mas acho que cuecas da sorte nunca foram normais.
-A cueca que usei no meu primeiro jogo! Que fez a gente ganhar! Que eu estava usando ontem!
-Ahh. – falei revirando os olhos e me sentando na cama. – Essa bobagem de novo.
-Bobagem? – ele indagou, cruzando os braços. – Eu jogo com ela desde que entrei no time dos Chudley Cannons, e ainda não perdi nenhum jogo!
-Ronald, você jogou apenas três vezes, pode muito bem não ter tido nada a ver com a cueca.
Vi Rony ficar com as orelhas vermelhas com a minha lógica. Ele franziu as sobrancelhas.
-Ora! Mas pode ser ela também!
-Ahh Ronald. – eu falei fechando os olhos. Esse homem me tira do sério às vezes. – Mas porque você está me perguntando isso? O que eu iria querer com a sua cueca?
-Ontem você estava bem interessada nela Hermione Jane Granger. – ele falou chegando mais perto e me olhando maliciosamente. Senti minhas bochechas arderem ao me lembrar da noite de ontem.
-O que eu estou querendo dizer. – comecei a desconversar. – É que para jogar bem não precisa usar uma cueca suja. Todos os jogadores famosos que conheço não fazem isso.
-Ahh claro. Vitor Krum com certeza não deve fazer. – Rony disse com raiva.
Como é que o papo da cueca tinha chegado ao Krum?
-Pode ir parando por ai Ronald! – falei me levantando e o encarando nos olhos. – Ciúmes agora não!
-Mas o que foi? Pensei que o Vitinho jogava melhor do que eu porque não tinha uma cueca da sorte.
-Como é que você consegue misturar as coisas assim?! Eu não estou falando que o Krum joga melhor do que você!
-Você não fala, mas pensa!
-Você é IMPOSSÍVEL! – exclamei. Sério, eu estava muito irritada
-ORA, VOCÊ QUE É!
-RIDÍCULO!
-SABE TUDO!
-CIUMENTO!
-DONA DA VERDADE!
-AMANTE DE CUECAS!
-Ahhh, cala a boca.
-ME FAÇA CALAR! – exclamei com todo o ar que tinha nos meus pulmões.
Quando eu ia continuar ele já tinha colado os lábios nos meus. Senti meu nariz ser invadido com aquele cheiro do cabelo dele e fechei os olhos. Puxei Rony mais para perto, como se ele fosse a minha vida, e caímos em cima da cama.
Enlacei minhas pernas na sua cintura e aprofundei o beijo, sentindo o hálito de menta dele na minha boca. Giramos para o lado e quando eu vi tínhamos caído os dois no chão.
Encarei Rony, estatelada no chão, completamente escabelada. Rony tinha a boca roxa e a toalha quase caída da sua cintura. Ficamos quietos por alguns segundos e então começamos a rir, rir feito loucos.
-Tudo por causa de uma cueca. – Rony murmurou entre as risadas.
Como eu amo esse ruivo.

Fim :)

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