Draco está de volta



Depois de muito tempo pesquisando, Hermione pareceu encontrar alguma coisa.
- Malfoy, acho que encontrei alguma coisa. Ouça: “Poção dos sonos vazios. Para quem quiser ter uma noite tranqüila de sono, esta poção faz com que a pessoa durma sem sonhar com nada. Ingredientes: dois cristais das águas, água, três gotas de heléboro, essência a gosto do usuário e um fio de cabelo do mesmo. Modo de preparo: Misture todos os ingredientes menos o fio de cabelo. Coloque este por último, quando a poção adquirir um azul escuro perolado. ATENÇÃO: Se o fio de cabelo que cair for de outra pessoa, assumirá os sonhos da mesma. Tempo de preparo: Uma hora e meia”. E ai, o que achou?

- Ótimo. Não é à toa que Snape é tão insuportável, não deve ser fácil ter uma CDF na sala.

A garota deu um sorriso tímido – Imagino que queira fazer a poção agora.

- Exato. Você pode me ajudar?

Hermione reparou a hora no relógio.

-Se não ficar muito tarde...

-Eu pego os cristais e o heléboro. Te encontro na sala precisa?

-Aham.

Malfoy saiu da biblioteca com os livros nos braços e se direcionou ao Salão Comunal Sonserino. Subiu para seu quarto, guardou o material e pegou os ingredientes. Foi como um raio para a Sala Precisa. Se aquela poção desse certo deveria uma para Hermione para o resto de sua vida.

Hermione foi calmamente para a sala secreta. Perdida em pensamentos. Estava até gostando daquele Draco Malfoy que estava conhecendo.

Depois de mais ou menos meia hora, eles estavam sentados, com um caldeirão em cima da mesa, lendo o livro, seguindo as instruções minuciosamente. Depois de duas horas, pois Draco havia se atrapalhado com o heléboro e tiveram que refazer a poção, eles conseguiram terminar. Puseram a poção toda em pequenos frascos, que dariam para, no mínimo, um mês.

Saíram da sala, em silêncio. Estavam andando calmamente por um corredor do sexto andar. Nem perceberam que andavam juntos. Conversavam sobre assuntos banais que nem se deram conta de onde estavam. Draco observa a castanha e fica se perguntando o porque dela o ajudar.

-Escute, Granger, eu ainda não entendi porque você me ajudou.

-Não me pergunte. Nem eu mesma sei. Só sei que reparei que não enchia mais o saco do Harry há algum tempo. E também por causa daquele pensamento na madrugada. E depois ainda te ver tendo um pesadelo no jardim. Sei lá, aquilo não foi muito legal de se ver.

-Uhm... Entendo. Foi estranho você se mostrar disposta a me ajudar... Mas eu estava precisando. Muito obrigado mesmo, Granger.

-Não tem que, Malfoy.

-Te devo uma.

-Eu vou cobrar.

Sorriram e ouviram o badalar do relógio do castelo. 11:00.

-Droga, já passou uma hora do toque de recolher! Como eu vou pro Salão Comunal agora?

-Você é monitora chefe, pode patrulhar o castelo.

-Mas a hora máxima é até 10:30.

-Shii... Então acho melhor você correr...

-O que foi, Madame Norra? Sente cheiro de algum pestinha andando por aí fora do horário? – Ouviram a voz de Filch ao longe.

-Merda! – exclamou Hermione, desesperada.

Draco a olhou, assustado – é a primeira vez que te ouço dizendo algum tipo de palavrão.

-É que você não me viu com Harry e Rony. Eles me tiram do sério de um jeito que tem hora que eu falo todos os palavrões de A a Z em uma só frase...

-Uoouu, olha só quem resolveu se revelar!

Ela ri e abre a boca para falar algo, mas não queria destruir aquele momento de descontração. Logo, ouve Filch falando de novo, agora mais perto. – Estão por aqui? Que ótimo, adoro pegar esses garotos fazendo alguma coisa. Quem sabe algum dia eu ainda vou poder açoitá-los, assim como Madame Umbridge me prometeu... Ah, bons tempos os daquela mulher...

-Merda, merda, merda! O que vamos fazer? – Hermione estava desesperada.

-Plano A, temos uma sala vazia aqui. Quer entrar e fazer silêncio para se esconder?

-Aceito.

A sala estava escura. O que não faltava naquele castelo eram salas desativadas. Se não fosse o luar, a sala estaria num completo breu. Ouviram passos atrás da porta fechada. Hermione encostou-se à parede e Malfoy ficou em sua frente, como se quisesse esconde-la. Estavam numa parede oposta à da porta. Hermione começou a observar a face do loiro. A pele pálida, os olhos azuis acinzentados, o nariz empinado, a boca fina... Para completar tinha o cabelo loiro platinado que lhe caía muito bem. Desceu o olhar para o peitoral, barriga, pernas... Estivera tanto tempo obcecada por estudos que nunca reparava nas coisas boas da vida [N/A: uii, e que coisas boas hen?? XD]. Quando Malfoy virou para frente, ela direcionou o olhar para o chão. Ele também começou a reparar nela. O cabelo não era tão armado como antes. Agora assumira forma e formava cachos comportados, no meio das costas. O rosto fino, os olhos castanhos amendoados. Pose de superior que nunca usou, só quando o assunto era responder a alguma pergunta. O corpo também evoluíra. Não tinha mais aquela silhueta de menina. Transformou-se numa mulher linda. A única coisa que não deixava o pacote perfeito era o fato dela ser uma mestiça.

De repente, eles ouvem um barulho na porta, fazendo-os saírem de seus devaneios. Ficaram sem reação. Malfoy observou que Hermione estava desesperada. A maçaneta estava virando...

-Malfoy, estamos ferrados. Estou ferrada, vou perder meu titulo de monitora chefe... Malfoy, o que vamos fazer?

-Bom, eu tenho um plano B.

-Ótimo. Faça-o!

Draco a pegou pela cintura e selou os lábios da garota com os seus próprios. Sentiu que ela ficou surpresa , já que não tinha tido reação, mas depois relaxou. Sentiu a textura macia de sua boca. Hermione, a principio, ficou confusa, mas depois se deixou levar. Sentiu que ele passava a língua pela abertura, pedindo passagem. Mas, quando foi concede-la, ouviu uma voz feminina.

-Posso saber o que está havendo aqui?

-Professora Sprout? – Hermione ficou mais confusa ainda. Não era Filch que estava rondando o castelo?

-Eeer, professora, eu posso explicar...

-Oh não precisa explicar nada, sr. Malfoy – sua expressão assustada mudou para um sorriso de lado – Imagino que os dois só queriam um pouco de privacidade. Ah, essa juventude! Mas sejam rápidos! Filch logo, logo volta aqui. – virou-se e foi indo em direção a porta – Lembro como se fosse ontem quando tinha essas aventuras adolescentes... Bons tempos...

Se olharam, tendo um ataque de risos assim que a porta fora fechada. Malfoy olhou o riso sincero da garota ao seu lado e parou de rir. Devia estar ficando louco, mas aquele era o riso mais lindo que já vira. Foi se aproximando dela... Hermione percebeu a proximidade de seus rostos e sentiu as bochechas queimarem. Olhava para os olhos azuis acinzentados do sonserino. Aquele olhar penetrante fazia um arrepio percorrer-lhe a espinha. Suas respirações se confundiam. Seus narizes quase se encostavam. Malfoy fechou os olhos e entreabriu a boca. Hermione ficou desesperada e saiu da frente dele, fazendo-o, literalmente, beijar a parede.

-Eer, Malfoy, eu acho que está um pouco tarde. Eu já vou indo. Até.

Saiu e fechou a porta. Correu para as escadas que levavam para o quinto andar, onde ficava o Salão Comunal Grifinório. Disse a senha para a Mulher Gorda e entrou. Encostou-se a parede e fechou os olhos. A cena do “beijo” com Malfoy insistia em passar por sua cabeça. Sentira-se mal por faze-lo beijar a parede, mesmo que risse depois do acontecido. Mas achou melhor assim. As coisas progrediram rápido demais. Ontem à noite ele era “A doninha albina do Malfoy”. Agora, era só “Malfoy”. Assustara-se com esse lado dele que ninguém conhecia. Lembrou-se do riso dele. “Se as garotas já se derretem por aquele sorriso debochado, imagina por aquele sorriso lindo e sincero que vi agora de pouco... Hermione Jane Granger, recomponha-se!”, repudiou-se por pensamento.

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Malfoy foi, sem pressa alguma, às masmorras. Sabia que ninguém faria nada a ele, afinal seu pai era o que mais contribuía financeiramente com a escola. E perder essa contribuição não seria muito bom.

Sibilou a senha e subiu para seu dormitório. Carregava um pequeno saco, onde colocou os mais de 30 frascos com a poção do sono. Deitou-se. Fechou os olhos e logo a cena do “plano B” voara para sua cabeça. Repudiava-se por ter feito aquilo e, pior, por ter tentado fazer de novo. Torceu o nariz quando se lembrou do gosto da parede empoeirada daquela sala mal iluminada. Como assim ela dera para trás? “Era só o que me faltava... Ai dela se disser pra alguém que me fez... Que me fez... ‘Provar’ daquela parede.”. Abriu os olhos e se sentou. Colocou a mão para dentro do saquinho. Hermione dissera para ele colocar o fio de cabelo no quarto, antes de tomar, para que nada desse errado. Foi o que fez. Adicionou o último ingrediente à poção e a sacudiu. Tirou a rolha novamente e tomou o conteúdo azul escuro perolado. Sentira o gosto de chocolate (essência que colocara no caldeirão) descer por sua garganta, fazendo com que sentisse uma onda de prazer¹ invadi-lo. Depois de alguns segundos, sentiu as pálpebras pesarem. Não quis nem trocar de roupa. Deitou em sua cama e dormiu tranqüilamente.


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Sentiu a luminosidade tomar o quarto. Apertou os olhos fechados, pondo a mão na frente do rosto. Abriu finalmente os olhos azuis acinzentados e se sentou na cama. Esfregou a cara. Fazia tanto tempo que não dormia direito que agora parecia estar nas nuvens. Viu Blaise Zabine, seu melhor amigo, moreno de olhos azuis escuros, virando-se na cama, sussurrando nomes de garotas. Riu baixinho. Mais à frente, viu Rossier, um garoto de íris amareladas e de cabelos loiros, dormindo escarrapachado na cama, com as pernas e os braços para fora da mesma. Mantinha a boca aberta e, se não se enganava, via um pequeno fio de baba escorrendo pelo travesseiro. Fez uma careta de nojo e rumou para o banheiro. Tomou um banho para ver se não estava tendo alguma miragem ao se levantar de uma cama depois de ter dormido a noite toda. Se trocou e foi a cama do melhor amigo.
-Hey, Blaise!

-Rooonc...

-Blaise!

-Fiuuuuu...

-Hey, gostoso, não vai levantar um pouquinho antes da aula? – ele disse, fingindo bem uma voz feminina, no ouvido do moreno. Percebeu que este colocou um sorriso no rosto e se sentou na cama, ainda de olhos fechados, inclinando a boca em sua direção, abraçando-o e passando a mão por lugares impróprios em seu tórax. – BLAISE ZABINE!

Blaise abriu os olhos, para depois os arregalar, se afastar do amigo bruscamente e gritar – AAAAH! CARA QUE MERDA É ESSA?

Malfoy caiu na gargalhada. Passou os dois braços pela barriga, sentindo o abdômen ficar dolorido devido a sua crise de risos. Caíra no chão, para depois enxugar as lágrimas que se aposentaram no canto externo dos olhos.

-Ah, Blaise, que falta eu senti de fazer isso... Hahaha... Cara, você aprecia tão... tão... GAY!

-Ah, vá a merda Draco!

O moreno rumou para o banheiro de mau humor, deixando o loiro no chão de assoalho, ainda rindo pelo que havia feito. Agora sim: O velho Draco Malfoy estava de volta!

-Pipipi... Pipipi... Gente, acontecimento histórico: HERMIONE GRANGER NÃO ACORDOU AINDA! – gritava uma ruiva ao lado da cama de uma castanha, no dormitório feminino da grifinória. Subiu na cama da amiga e começou a pular em cima dela, para ver se a acordava.

-Ginny, eu juro que se eu não conseguir dormir só porque você está madrugando, você não passa do café da manhã.

-Eu? Madrugando? Mione, são 7:00!

A castanha abriu os olhos bruscamente e se sentou na cama de súbito – SETE? Merlim, o que eu fiz pra você? Joguei bombas de bosta na porta de sua casa ou taquei fogo na sua samba canção rosa de bolinhas amarelas? DROGA, EU ESTOU ATRASADA!

Desceram correndo uns quinze minutos depois com a castanha maldizendo as garotas por terem deixado ela dormir até tarde. Entrou no Salão Principal e se sentou no meio de Harry e Rony. O moreno de olhos verdes lia o Profeta Diário e Rony devorava seu café como se não visse algo para comer por dias.

-Mione? Não a vi chegar ontem à noite e não a vi hoje de manha, a não ser agora. O que houve?

-Eu... Err... Estudei demais e, quando fui voltando, esbarrei com alguém. E hoje eu... Eu... Fui dormir tarde e... Bem, acordei a pouco tempo... – “Ótimo, continue assim. Você não sabe mentir, Hermione Granger!”

-Sabe, Mione, você não mente pra gente assim facilmente. Mas, se não quer dizer o porquê de voltar tarde, não iremos te pressionar. – Disse-lhe Harry, olhando-a profundamente nos olhos.

-Desculpe Harry.

-Tudo bem, Mione. Como se não escondêssemos coisas de você às vezes... – Disse Rony, com um sorriso. Beijou a face da amiga e viu que esta sorriu, agradecendo a compreensão dos amigos.

Hermione sempre amou os amigos. Amou de forma fraternal, óbvio. Estavam juntos há tanto tempo que achava que ninguém iria separa-los. Pelo menos não tão fácil. Imaginou que, se soubessem o porque de ter voltado tão tarde, não a perdoariam tão cedo. Então, era melhor deixar assim.

Lembrou-se do loiro. Levantou a cabeça para procura-lo na mesa Sonserina. O encontrou, rindo com os amigos e comendo normalmente. Deu um sorriso de lado. Malfoy estava de volta. Só não queria que viesse atormentar o trio tão cedo. Malfoy a encarou. Piscou para ela com o olho esquerdo e depois sorriu, sibilando um “Obrigado”, que ela respondeu também sorrindo. Pensou. É, ele não viria atormenta-los assim tão cedo.

-Malfoy voltou ao normal, pelo que parece. – Disse Harry, quase cuspindo o nome do rival.

-É. Porque será que ele ficou tanto tempo sem atormentar ninguém?
Os dois olharam para Hermione

-Não sei. Vamos para a aula? É Poções agora.

Percebeu que os dois se entreolharam, preocupados. Pegou seu material e os acompanhou até a aula de Severo Snape. Não estava muito afim de ter aquela aula, mas se pudesse escolher suas aulas favoritas, com certeza só teria duas no currículo. Sentaram-se na última carteira da sala, como de costume. A sala começou a se encher aos poucos. Conversaram até que ouviram um baque de porta batendo e uma voz grossa ecoar pelo local.

- Silêncio! – Disse o professor de cabelos negros oleosos – Abram seus livros na página 435. Os ingredientes estão no quadro. 50 minutos!


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¹: Para os maliciosos, é prazer alimentício ;)

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