Buscando Respostas



-Sabe, Rony, você está mesmo muito estranho.- Hermione comentou, sentando-se ao lado do amigo no Salão Comunal.
-Eu não tenho nada, Mi...- ele falou pela milésima vez.
-Como não, Rony? Você nem quer ir mais a Hogsmeade... você só foi ao primeiro passeio, e depois disso já tivemos mais três e você sequer levantou da cama quando eu fui te chamar no teu quarto. Nem quando eu te proponho arrumar uma namorada, você aceita... o dia dos namorados tá aí, você não quer realmente tentar?- Rony riu.
-Só você mesmo, Mione... que idéia essa sua, me arranjar uma namorada...
-E por que não?
-Por que não há nenhuma garota que eu goste realmente.- Hermione pareceu desapontada por um instante- Quer dizer, há somente três mulheres nessa vida que eu realmente amo: a primeira é a minha mãe, a segunda é a Gina e a terceira- ele sorriu para a amiga e inclinou o rosto para dar um beijo estalado na bochecha dela- é você.
-Eu...- ela abriu e fechou a boca algumas vezes, sem emitir som algum. Segundos depois, ela inclinou seu rosto e aproximou sua boca da dele, selando os lábios num beijo quase que infantil, e separando-os nem bem cinco segundos se passaram- Eu também te amo, Rony.- e sorriu para ele.
Rony ficou estático por algum tempo, fitando Hermione nos olhos e, por vezes, reparando no sorriso encantador que ela exibia. Ele ainda tentava absorver o que ocorrera instantes antes, tentando relembrar em sua memória o gosto dos lábios dela junto aos seus, e sobretudo, ele tentava saber o que aquilo tudo significava.
Hermione sorriu mais uma vez para o amigo, antes de um aluno do primeiro ano a abordar, chorando de se acabar. E nesse momento, Rony pensou que se a criança não estivesse chorando quando abordou Hermione, provavelmente estaria chorando depois que Rony berrasse com ela por abordar a garota.

"Quatro notícias: duas boas e duas péssimas. A primeira boa é que eu finalmente consegui dormir uma noite inteira. Entendeu? INTEIRA! Dormi por mais de doze horas seguidas. A segunda boa, que é continuação da primeira, foi porque, na hora em que eu acordei, a Mione estava de joelhos no chão, apoiada na minha cama, e parecia realmente muito preocupada.
Ela me perguntou porque eu não tinha ido para as aulas da manhã, se eu estava me sentindo bem e tudo... e eu me senti tão bem com isso, digo, é realmente bom quando ela se preocupa comigo, eu me sinto tão... OK! Eu não sei como eu me sinto. Eu nunca me senti dessa maneira, feliz demais por causa de alguma coisa, e aquecido demais quando estou com alguém.
Uma das notícias péssimas é que eu arranjei mais um problema. E este tem a ver com a Mione também. Eu tenho uma suposição sobre eu conseguir dormir ontem: o beijo que a Mione me deu. Quero dizer, naquela hora eu não sei o que eu senti, foi uma mistura de sensações, tudo se revirando dentro de mim, parecendo que fosse explodir como um vulcão... foi diferente de tudo o que já senti... foi esquisito, mas muito bom.
Isso era para ser uma notícia péssima, não é? E eu disse que foi bom. Bom é pouco, foi ótimo. E o problema todo está aí. O fato de ser bom e talvez não poder acontecer de novo. E eu não sei se quero que aconteça de novo.
Aliás, eu não sei de muito mais coisa. Quero beijar a Mione de novo, mas ao mesmo tempo quero que ela seja apenas a minha melhor amiga, como sempre foi.
A outra notícia péssima é que eu estou novamente sem conseguir dormir. São quatro e meia da manhã e eu estou acordado. O Harry chegou não faz muito tempo, há meia hora mais ou menos, e já está roncando na cama ao lado.
Caramba, isso é horrível! Então, enumerando os problemas: 1)as chuvas ainda não começaram, então, nada de ‘Through the rain’. 2)eu ainda não conversei com o casalzinho ‘EU TE AMO MUITO MAIS É PATÉTICO’, e agora o número de cartas aumentou consideravelmente – OITO CARTAS POR DIA! Eu mesmo contei. E até me atrevi a perguntar o que tanto eles escreviam um para o outro. E sabe o que o Harry me respondeu? ‘Algo como quero te ver depois da aula, ou te amo, ou te amo mil vezes mais...’ Como isso é ridículo! 3)ainda não consigo dormir. 4)os lábios da Mione. 5)o sorriso da Mione. 6)os olhos da Mione. 7)qualquer coisa relacionado com a Mione. 8)Preciso conversar com a Mione. 9)Mais um bando de assuntos inacabados na minha vida!
Bom, o sono ainda não veio e eu certamente só conseguirei pregar os olhos, pelo menos um pouco, quando o dia amanhecer. Então, eu vou contar como foi tudo desde o beijo.
Depois que o tampinha do primeiro ano desapareceu com a Hermione, eu vim para o meu quarto e deitei na cama. Não demorou muito para eu dormir. Àquela hora era umas nove e meia da noite. Sonhei com chuva, muita chuva. Influência do tal do ‘Through the rain’.
Quando eu acordei, a primeira coisa que vi foi os olhos da Mione sobre mim. Ela estava apoiada na minha cama, com a cabeça em cima dos braços. Eu sorri para ela e ela sorriu de volta.
-Oi...- ela disse pra mim- belo adormecido...- acrescentou.
-Oi.- eu esfreguei meus olhos e revirei um pouco na cama, vendo Hermione sentar-se ao meu lado- que horas são?
-Onze da manhã.- eu me levantei da cama rapidamente e Hermione riu do meu feito- Pelo jeito você está bem, não é?
-Só precisava de uma boa noite de sono.- respondi, com um sorriso. Hermione bocejou, parecendo cansada, e depois deitou-se na minha cama- Você não pode dormir aqui, garota.
-Quem disse que eu vou dormiiiir...- ela bocejou novamente- ...aqui?- eu me deitei do lado dela, curvando-me sobre o seu corpo.
-Se você ficar aqui você vai dormir.- e de repente, nós estávamos tão próximos que eu podia ouvir a respiração dela se chocar contra a minha (isso soou meloso demais).
Eu senti um impulso muito forte de beijá-la. E senti também, que se eu a beijasse, não seria da mesma forma que ela me beijou, apenas lábios colados. Seria muito mais que um beijo, e eu fiquei com medo nessa hora também. Um medo crescente de estragar tudo. Então, mais do que rápido, eu me levantei e ofereci a minha mão para Mione se levantar.
-Vamos comer?- perguntei- Estou morto de fome...- ela sorriu para mim, um sorriso diferente de todos os outros. Este parecia que ela só seria capaz de dar para mim, era, definitivamente, um sorriso especial.
Eu levei minha mão até o rosto dela, sentindo em seguida, a mão de Mione pressionada contra a minha. Depois disso, dei um beijo na testa dela.
-Vamos.- e abri a porta para que saíssemos.
E então foi só. Fomos almoçar. Fomos assistir as aulas da tarde. Fomos para o salão comunal. Foram dormir...
Uhm, certo, em poucos minutos o sol vai nascer. O vento parece uivar lá fora e uma chuva forte está batendo na janela, parecendo querer quebrá-la. Aqui dentro os meninos dormem e o relógio faz um ‘tic-tac’ irritante, ao qual eu nunca tinha prestado atenção...
Eu escrevi chuva? ‘Uma chuva forte está batendo na janela’... ESTÁ CHOVENDO! ESTÁ CHOVENDO! ESTÁ CHOVENDO CHUVA!!!"


-Ele está acordando?
-Uhm, acho que sim...
-O que você acha, Mione?
-Que ele só estava precisando de uma boa noite de sono.
-Quando eu cheguei de madrugada ele ainda estava acordado...
-Mas não eram quatro da manhã?
-Vocês chegaram quatro da manhã?
-Esquece o que eu disse, Mione.
-Não, Gina, e você também, Harry, que história é essa de quatro da manhã? O nosso combinado foi até as três, no máximo!
-Nós sabemos, Mione... mas é que, você sabe, foi nosso aniversário e nós perdemos a hora... e depois começou a chover e tudo...
-Harry, não chove dentro do castelo.
-Mas quem disse que a gente estava dentro do castelo?- Harry abriu um largo sorriso, sendo acompanhado por Gina. Rony se revirou na cama, resmungou alguma coisa como "Chove chuva..." e levou os cobertores pesados para cima da cabeça.
-Ele tem andado estranho ultimamente, vocês não acham?- Hermione comentou.
-Ele tem escrito muito ultimamente...- Harry comentou.
-É, parece que ele está escrevendo um diário.- Hermione se virou para a cama de Rony e pegou o livro que estava ao lado do travesseiro. Gina tomou-o das mãos da amiga.
-Um diário, é?- analisou-o por alguns instantes- Isso parece um bom motivo para irritá-lo.
-Isso não é um diário.- a voz abafada de Rony soou, seguida pelo rosto amassado do garoto que surgiu de debaixo das cobertas.
-Olha,- Gina olhou para o irmão e sorriu com malícia- ele acordou. E deve estar à procura do diário dele... meu irmãozinho está escrevendo um diário... Harry,- ela virou-se para o namorado e deu um beijo estalado nele- não é fofo?- Harry e Hermione abafavam risinhos.
Rony levantou-se meio mal humorado e arrancou o ‘diário’ das mãos da irmã. Empurrou Harry para o lado, abrindo caminho para o armário. Abriu-o e retirou de lá uma capa e uma muda de roupas.
-Vocês- apontou para Gina e Hermione- podem me dar licença?
-Não há nada aí que eu já não tenha visto antes, irmãozinho...- Gina falou displicentemente, sentando-se na beirada da cama de Harry. Rony olhou de Gina para Hermione e Harry, que riam descaradamente.
-Você pode ficar de pijamas mesmo, Rony.- Hermione falou. Harry pegou, discretamente, o seu travesseiro, enquanto Gina fazia o mesmo com o da cama de Rony.- Não precisamos sair daqui.
-Não mesmo.- Harry concordou, colocando o travesseiro numa posição ameaçadora.
-Eles têm razão, irmãozinho...- Rony reparou nos olhares que os amigos e a irmã trocaram.
-GUERRA DE TRAVESSEIROS!- Harry gritou, lançando o travesseiro em cheio na cara de Rony. Gina jogou outro e, nesse momento, Rony entendeu o porquê de a irmã ser tão boa artilheira. E por fim, Rony sentiu um último baque, do travesseiro lançado por Hermione.
Rony estava caído no chão, com três travesseiros enormes em cima do seu corpo. Ele não sabia se gritava e ralhava com aqueles três, ou se começava a sorrir diante da situação.
Harry retirou o travesseiro que estava mais acima da montanha, Hermione retirou o segundo e Gina pegou o último. Rony olhou para eles, que mantinham olhares malvados.
-Por favor...não...- ele pediu.
-Ah, sim, irmãozinho...- Rony deu um sorriso amarelo, clamando por piedade.
Harry sorriu. Hermione sorriu. Gina sorriu. E Rony não entendeu nada.
-Parabéns, Rony.- Hermione falou.
-1º de Março, lembra?
-Sorria, cara, hoje você faz 18 anos, maioridade trouxa, e nem lembra?- Rony sorriu.
Ele recebeu um travesseiro da irmã e depois gritou:
-GUERRA DE TRAVESSEIROS!
Penas voaram por todos os lados e cobriram o quarto. Durante o resto do dia, quem passasse na frente do dormitório masculino do sétimo ano, ouviria quatro adolescentes rindo, brincando de guerra de travesseiros.
Rony olhou dos amigos para a janela: ainda estava chovendo.

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