O resumo da FÊNIX

A Fênix decola, apesar de seu tamanhom

"Eu acabei de ser atacado por Dementadores e ainda posso ser expulso de Hogwarts", escreve Harry para seu padrinho logo no início do livro. "Eu quero saber o que está acontecendo e quando vocês vão me tirar daqui". Assim como milhões de leitores ansiosos, nem todos eles crianças, neste quinto livro da fenomenal série de Joanna Rowling a saga realmente se desenvolve. Assim como nos volumes anteriores, a bruxaria maligna de Voldemort retorna como a grande inimiga. Mas ao mesmo tempo Harry e seus amigos terão que enfrentar as traiçoeiras mudanças oriundas da entrada na adolescência. A nova batalha, cujo objetivo é a auto-confiança, é em muitos aspectos mais difícil para Potter do que duelar com bruxos das trevas. Ele agora tem 15 anos, e o dócil garoto de cabelo indomável que conhecemos ao fazer 11 anos é agora um verdadeiro adolescente, disposto a atirar sua forte carga emocional em todas as direções, seja no mundo trouxa ou no mágico. É um pouco chocante vê-lo mal humorado e esganado em uma auto-piedade por ver seus melhores amigos Rony Weasley e Hermione Granger - e até mesmo seu inimigo Draco Malfoy - tornarem-se monitores de Hogwarts, e ele não. Harry é grosseiro, rude e insensível com seus amigos, e chega ao ponto de gritar com o diretor Alvo Dumbledore. Os pottermaníacos certamente vão ficar de olhos radiantes com as novas criaturas mágicas e personagens. A caixa de tesouros de Rowling ainda está cheia, e mesmo entre tanto temas obscuros ela não perde seu senso de humor, ou ser amor pelo absurdo e pelo ridículo. Mas é a jornada de Harry pelo seu próprio crescimento que é a grande e bem-vinda surpresa deste novo livro. Rowling segue a mesma estrutura básica dos livros anteriores. Harry está, como sempre, preso na casa dos Dursleys durante as férias escolares. Durante uma briga no quintal com seu balofo primo Duda, Harry é atacado por dois dementadores, os sugadores de vida que vigiam a prisão de Azkaban, criaturas que nunca são vistas no mundo dos trouxas. Harry atira contra eles o feitiço do Patrono, salvando seu primo, mas o ataque é um sinal de que há muita coisa errada no mundo dos bruxos. Assim como já sabemos no livro anterior, 'Harry Potter e o Cálice de Fogo", o arquiinimigo Lord Voldemort recuperou sua forma humana e está recrutando seus seguidores, os Comensais da Morte, para preparar o ressurgimento do reinado do terror. Ele encontra facilidades na indiferença do Ministério da Magia, comandado pelo trapalhão Cornélio Fudge, que se recusa a aceitar os avisos de Dumbledore ou até mesmo a história do inusitado ataque dos dementadores à Potter. Harry, aliás, escapa por pouco de ser expulso de Hogwarts por ter usado magia perto dos trouxas, mas o Ministério da Magia não tarda em preparar uma extensiva campanha pelas páginas do jornal Profeta Diário que combate todos aqueles que tentam acentar o alerta vermelho contra a tranquilidade. Harry é chamado de garoto com complexo de herói, e Dumbledore é um paranóico, um velho gagá. Este, em resposta, patrocina o retorno da Ordem da Fênix - uma sociedade secreta de bons bruxos que batalharam contra a gangue de Voldemort quando Você-Sabe-Quem estava no auge. Entre os membros estão Olho-Tontop Moody, um auror que caça os praticantes da magia negra; Remo Lupin, o bruxo-lobisomem; e Sirius Black, ainda injustamente condenado pelo assassinato de treze inocentes no fim da era do terror de Voldemort, que está vigiando Harry em seu esconderijo onde passa as férias. Além deles, há vários novos e prazerosos personagens. Há Nymphadora Tonks, uma desajeitada aurora que odeia seu primeiro nome e que por isso gosta de ser chamada apenas de Tonks; ela é um grande sucesso entre os estudantes por ser uma metamorfomaga (adaptação livremente feita do inglês "metamorphmagus"), o que significa que ela pode mudar o formato de seu nariz, do seu rosto, e por aí vai. Há também Mundungus, um membro da Ordem que é desonesto e ladrão, mas que parece alheio de todo o tipo de fatos interessantes. A tensão da sociedade e do contexto do mundo bruxo é tanto que até mesmo o Chapéu Seletor, antes de começar a seleção anual dos primaristas pelas casas de Hogwarts, muda sua canção de boas-vindas: Ah, saiba dos riscos, leia os sinais, A prevenida história mostra, Nossa Hogwarts está em perigo De forasteiros inimigos e mortais E nós devemos nos unir a ela Ou tombaremos com ela Como mal sinal, há a presença de uma crudelíssima nova personagem, Dolores Umbridge, cujo pegajoso pequeno casaco de lã não disfarça seu poder de assistente do Ministério da Magia. Umbridge é despachada pelo ministro para ser a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, e ela rapidamente começa a agir no intuito de tirar Dumbledore da direção. Submetida a seu poder, Hogwarts torna-se uma prisão para pessoas como Harry, Rony e Hermione. Potter é forçado a escrever inúmeras vezes a frase "Eu não devo mentir", sempre que insiste no retorno de Voldemort, com uma pena que fazem seus dedos sangrarem. Tanto Harry como Rony - que finalmente entra no time de quadribol, como goleiro - são expulsos do time (em inglês, a versão para essa parte é "kicked off the squad" - não fica claro, porém, do que eles são expulsos). Enquanto isso, a guerra fria entre o esquadrão anti-Voldemort e as forças pró-ministeriais vão rachando a opinião das famílias de bruxos. Todos os Weasleys, à exceção de Percy, estão na Ordem da Fênix. Percy agora é um rígido burocrata do Ministério, que insiste em desmentir os medos de seus parentes, de Dumbledore e de Harry. Pela fidelidade ao diretor, a família de ruivos é considerada perigosa para a sociedade. Harry sonha em atacar o pai de Rony, e quando Arthur Weasley é ferido há a preocupação de que Potter esteja com sua mente controlada por Voldemort. Isso o conduz a aulas de Oclumencia (em inglês, Occlumency), a defesa mágica contra a intervenção mental externa, lecionada pelo professor Snape ("Aulas extras com Snape?", reclama Rony. "Prefiro ter pesadelos"). Dessa forma o enredo se desenvolve neste longo, longo livro. O elemento-chave dessa guerra do bem contra o mal é a busca de Voldemort por uma profecia mágica, que teria a explicação para a sua destruição por um bebê (Harry), quando ele estava no auge de seu poder. O clímax do livro são dois dramáticos capítulos que ocorrem no centro de operações do Ministério da Magia e trazem uma série de revelações. Há também Harry, os aliados de Hogwarts e a Ordem da Fênix em uma batalha contra uma multidão de Comensais da Morte. As varinhas mágicas lançam fogos e explosões conforme a batalha vai se desenvolvendo. Bruxos de ambos os lados morrem, e pela primeira vez Harry é um dos poucos que não acaba o massacre num hospital. A batalha não decide o destino do mundo mágico, não com mais dois volumes pela frente. Mas traz a morte de um personagem muito querido por Harry, como foi prometido. A reação de Potter é exatamente a de um adolescente confuso e furioso. Ele quebra objetos preciosos no escritório de Dumbledore e grita repetidamente: "CHEGA! ESTOU CHEIO!". Como resposta, um esgotado Dumbledore finalmente divide com Harry o segredo de por quê apenas ele sobreviveu aos ataques de Voldemort, enquanto todos os outros morreram, e por quê os dois estarão ligados em uma batalha que só poderá terminar na morte de um deles. Assim como "Cálice de Fogo" já tinha dado a pista, Rowling leva Harry à dolorosa e secreta primeira experiência amorosa. Na metade do livro, Harry e Cho Chang sentam em uma cafeteria rodeados por casais apaixonados. Harry está ansioso: "Ele está subitamente preocupado com seus braços e com quão estúpidos eles devem parecer". Com todos os feitiços e intrigas rodeando Hogwarts, esse é o cenário em que começa o primeiro namoro do bruxo. A única reclamação? "Ordem da Fênix" é muito, muito mais longo do que o necessário. Algumas cenas são inexplicavelmente longas, sem que haja qualquer motivo para tal. Depositamos aqui a esperança de que, da próxima vez, um editor heróico que tenha talento mágico impeça Rowling de ser tão prolixa da próxima vez.

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